sábado, 21 de abril de 2012

Orla ferroviária muda paisagem degradada da região central da cidade


***O avanço das obras da Orla Ferroviária, iniciadas há um ano, já está transformando a paisagem urbana no trecho de 900 metros do antigo traçado da via férrea entre a avenida Afonso Pena e a Estação Ferroviária. Até há pouco tempo, esta área localizada no centro da cidade era um território praticamente ocupado pela marginalidade, num processo de degradação acentuado desde a retirada dos trilhos, com a construção do contorno ferroviário. A obra orçada em R$ 4,3 milhões, com financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) está 44% concluída e deve ficar pronta até setembro.

Das obras previstas, foram executados 655 metros de drenagem; 635 metros de rede de água, 780 metros de esgoto, 16 ligações domiciliares de esgoto, iluminação pública no trecho entre a avenida Afonso Pena e a Maracaju, calçada em petit pavet e rede de irrigação até a avenida Mato Grosso.

Embora o calçadão ainda esteja cercado pelos tapumes, trouxe mais tranqüilidade para quem mora e trabalha na região. Esta é a impressão de Cristiane Pereira, que há seis anos trabalha num estacionamento na avenida Noroeste, nas proximidades da Morada dos Bais. Ela acredita que a obra “afugentou” pessoas que perambulavam na região, entre desocupados, alguns usuários de droga. “Hoje, isto está bem mais sossegado. Antes eram comuns os casos de furtos e arrombamentos”, relata. Cristiane está ansiosa para conhecer o projeto de aproveitamento da área. “Até que as pessoas se acostumem, quando tudo estiver pronto será preciso manter guardas e policiais por aqui , para evitar a ação dos vândalos”, sugere.

Outra entusiasta do projeto é Lilian Mariano, gerente da BWT Operadora de turismo com escritório na região. “Eu diria que o local receberá um upgrade, mas sem perder seu conteúdo histórico. E quem irá ganhar com isso é a população”.

Na quadra seguinte, cruzamento com a rua Dom Aquino, cresce a expectativa com a proximidade de conclusão das obras. “Foram 10 anos de sofrimento, convivendo com pequenos furtos, assistindo pessoas se aglomerando em plena luz do dia para consumir drogas. A situação melhorou neste aspecto. Acredito que se houver um aproveitamento adequado do espaço, teremos uma valorização, especialmente com o crescimento das vendas”, afirma em tom de desabafo o comerciante Helis Gomes dos Santos, proprietário de uma loja de brinquedos, presentes e material escolar.

A proprietária de um salão de cabeleireiro, Maria Ivonete Leite, está preparando a mudança da fachada porque espera crescimento do movimento com a abertura do calçadão. “Não estamos enfrentando mais o problema de violência. Os clientes não ficam mais receosos de freqüentar o nosso salão”.

Christian Gaspar, proprietária do Hotel Gaspar, na avenida Calógeras, em funcionamento desde 26 de agosto de 1954, também está animada com a chegada do calçadão. “Este projeto de revitalização é um marco para Campo Grande. Resgata e restaura a história de nossa cidade”.

Jorge de Lima Benites, técnico de telecomunicações e morador no bairro Cabreúva, diz que em boa hora a prefeitura investiu numa região que faz parte da história de Campo Grande. “As melhorias começaram com o prolongamento da avenida Mato Grosso e com a reforma da estação ferroviária. Agora, com esta obra na Orla Ferroviária, acredito que além de termos mais opções de lazer, quem mora aqui vai ganhar com a valorização dos seus imóveis”.

Ocupação do leito ferroviário

O prefeito Nelson Trad Filho lembra que a Orla Ferroviária é um dos projetos que desenvolveu em sua administração para reaproveitar o antigo traçado ferroviário na área central. “Encaramos este desafio e vamos praticamente deixar concluído ou em fase final de execução a última etapa, que é o Centro Municipal de Belas Artes, no prédio onde seria a rodoviária, no Bairro Cabreúva. “Procuramos combinar abertura de vias para melhorar a mobilidade urbana, com construção de espaços de lazer e contemplação”.

O sistema viário da cidade ganhou a Via Morena, que liga a rua Spipe Calarge (Parque Linear Cabaça), a rua 26 de Agosto, passando pela avenida Costa Silva. No outro extremo da Via Morena, na saída para Aquidauana, a avenida Duque de Caixas foi duplicada até a avenida Julio de Castilho. A partir deste ponto, foi construída a Orla Morena.